terça-feira, 27 de setembro de 2011

Escarro

Cada dia que renasço
perco o ontem,
a memória

Cada levantar vacilante
é apenas
a peça subsequente
da sentença perpétua

Toda nova manhã,
é um ignorar contínuo
de amigos desconhecidos,
e eu já nao sei ser ninguém

Toda esquina é a mesma,
a única,
e eu já não sei o caminho

Todo dominó
falta uma peça

Todos baralho
falta uma carta

Nada mais é como era
tudo agora,
é suspenso

Nada pode ser novidade,
tudo é segunda feira

Tudo parece oco,
uma profundidade,
vazia

Tudo parece inútil,
infinito,
efêmero

Eu preciso de férias do mundo.

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