Logo no primeiro dia
do outono,
derrubou-se sobre a mesa,
o martelo,
o destino
Anunciou sem pressa,
a sentença irreversível
Seu crime: pensar
Sua pena: escrever
Escolheu a poesia
e mãos dadas com ela
amou e sofreu,
um perambular perpétuo,
entre o peso e a leveza
Trouxe consigo alguns poucos versos,
tortos, feitos a mão,
ora carregando-os,
ora sendo carregado
Viveu como se fosse uma ode,
a exaltar a existência egoísta
de seu próprio ser
Procurou exaustivamente
sua rima,
sem jamais a encontrar
E de súbito,
no desapego cotidiano,
se foi,
desaparecendo
gradualmente
com os timbres da voz,
que um dia
o pronunciara
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