Para Alex
Eram dois,
chegaram
mais três
somou-se
mais um
agora
eram seis
De seis
em seis
fizeram-se
mil
massa imbele,
desorganizada
Faltava espaço,
faltava a casa
a da Palavra,
a das Monções
a da Eduardo
E dessa tríade
fizeram-se
outras
A multidão
já não era
massa
era coletivo
Veio a Cena,
veio retrato,
veio lobo,
veio até marte
Duas dúzias
de Andreenses
celebrando
a vida
em arte.
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
As Quatro Estações
Acho que bebi demais,
foi capuava,
ou catuaba?
Não importa,
esse balanço
me enjoa
E essa voz
eletrônica
que diz coisas
que não
entendo?
Ah!
Como odeio a esmeralda!
Não importa,
tenho que ir até
o prefeito
Qual dos dois?
O do centro,
ou o da esquerda?
Saladino,
ou Daniel?
Alguém faça
essa mulher
calar a boca!
Puxa vida!
Deixei o prefeito
escapar.
Quem foi
o idiota
que me deixou
passar do ponto?
Foi Utinga.
foi capuava,
ou catuaba?
Não importa,
esse balanço
me enjoa
E essa voz
eletrônica
que diz coisas
que não
entendo?
Ah!
Como odeio a esmeralda!
Não importa,
tenho que ir até
o prefeito
Qual dos dois?
O do centro,
ou o da esquerda?
Saladino,
ou Daniel?
Alguém faça
essa mulher
calar a boca!
Puxa vida!
Deixei o prefeito
escapar.
Quem foi
o idiota
que me deixou
passar do ponto?
Foi Utinga.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Maquinaria
Há espaço
para poesia,
nos estalos
mecânicos,
da Maquinaria,
no zunido
caótico
da sinfonia,
nas horas
perdidas
na mais valia,
no torpor
constante
do dia-a-dia?
para poesia,
nos estalos
mecânicos,
da Maquinaria,
no zunido
caótico
da sinfonia,
nas horas
perdidas
na mais valia,
no torpor
constante
do dia-a-dia?
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Escarro
Cada dia que renasço
perco o ontem,
a memória
Cada levantar vacilante
é apenas
a peça subsequente
da sentença perpétua
Toda nova manhã,
é um ignorar contínuo
de amigos desconhecidos,
e eu já nao sei ser ninguém
Toda esquina é a mesma,
a única,
e eu já não sei o caminho
Todo dominó
falta uma peça
Todos baralho
falta uma carta
Nada mais é como era
tudo agora,
é suspenso
Nada pode ser novidade,
tudo é segunda feira
Tudo parece oco,
uma profundidade,
vazia
Tudo parece inútil,
infinito,
efêmero
Eu preciso de férias do mundo.
perco o ontem,
a memória
Cada levantar vacilante
é apenas
a peça subsequente
da sentença perpétua
Toda nova manhã,
é um ignorar contínuo
de amigos desconhecidos,
e eu já nao sei ser ninguém
Toda esquina é a mesma,
a única,
e eu já não sei o caminho
Todo dominó
falta uma peça
Todos baralho
falta uma carta
Nada mais é como era
tudo agora,
é suspenso
Nada pode ser novidade,
tudo é segunda feira
Tudo parece oco,
uma profundidade,
vazia
Tudo parece inútil,
infinito,
efêmero
Eu preciso de férias do mundo.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Poesia do instante
Alguns "Quase Haikais" sobre a "Vida"
1 -
O poeta
Pensativo
Respira ideias,
Significa
Vidas
2 -
Viver
Não é Ciência
Fantasia
ou diligência
viver
é consequência
3 –
A vida inerte
Repete
a vida inerte
Infinita,
Suicida
4 –
Vivo
Logo
Inexisto
5-
A vida toda
Leva
Toda a vida
Para ser
contada
1 -
O poeta
Pensativo
Respira ideias,
Significa
Vidas
2 -
Viver
Não é Ciência
Fantasia
ou diligência
viver
é consequência
3 –
A vida inerte
Repete
a vida inerte
Infinita,
Suicida
4 –
Vivo
Logo
Inexisto
5-
A vida toda
Leva
Toda a vida
Para ser
contada
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Desencantamento do Mundo
Para Clarice Lispector
Luzes
na contramão,
coração
saltando a boca,
impulsos
frígidos
de uma utopia
falsa
Banalidades
metralhando
a estrutura,
a mesmisse,
O destino
se escancarando
na esquina,
como se nada
antes
existisse
Tudo completo
e desorganizado,
um emaranhado de
desapegos
convulsionando
nos milésimos
obscuros de um
segundo qualquer
Uma antítese
instantânea,
O suor cadente
contando
o tempo
como se fosse
relógio
Toda uma existência
impessoal,
se revelando
como parte íntima
de um ser inóspito,
um "It"
Todo um esforço
ético,
uma verdade
controlada,
uma encenação
cíclica
do culto de algo
que no fim,
talvez nem
exista
Luzes
na contramão,
coração
saltando a boca,
impulsos
frígidos
de uma utopia
falsa
Banalidades
metralhando
a estrutura,
a mesmisse,
O destino
se escancarando
na esquina,
como se nada
antes
existisse
Tudo completo
e desorganizado,
um emaranhado de
desapegos
convulsionando
nos milésimos
obscuros de um
segundo qualquer
Uma antítese
instantânea,
O suor cadente
contando
o tempo
como se fosse
relógio
Toda uma existência
impessoal,
se revelando
como parte íntima
de um ser inóspito,
um "It"
Todo um esforço
ético,
uma verdade
controlada,
uma encenação
cíclica
do culto de algo
que no fim,
talvez nem
exista
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Infinito Provisório
Magoas profundas,
A finitude do momento
cala o silêncio,
cala o tempo,
cala as vozes
As raízes dinásticas
deixam no mundo
marcas mundanas,
pessoas mundanas,
terras mundanas,
saudades humanas
Nada que se concerte,
cicatrizes do espírito,
chagas da alma,
desespero do instante
Nada que valha a pena,
construções evanescentes
de um futuro incerto,
Projeto do destino,
irreal ou inconcreto
Nada que dure muito,
apenas segundos
minutos,
horas,
dimensões acumuladas,
e uma mesma história,
com começo,
meio
e fim
A finitude do momento
cala o silêncio,
cala o tempo,
cala as vozes
As raízes dinásticas
deixam no mundo
marcas mundanas,
pessoas mundanas,
terras mundanas,
saudades humanas
Nada que se concerte,
cicatrizes do espírito,
chagas da alma,
desespero do instante
Nada que valha a pena,
construções evanescentes
de um futuro incerto,
Projeto do destino,
irreal ou inconcreto
Nada que dure muito,
apenas segundos
minutos,
horas,
dimensões acumuladas,
e uma mesma história,
com começo,
meio
e fim
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Cotidiano urbano
Os faróis verdes,
as bicicletas,
a vida toda em deboche
os homens à brincar
de mundo,
e o mundo à brincar
de fantoche
As ruas à traçar
as rotas
As rotas a traçar
as vidas
Os carros a pilotar
os homens
Os homens a pilotar
o tédio
A realidade à se acabar
nos cruzamentos,
nua e crua,
como só ela sabe ser
A esperança à se acabar
no infinito duro
do cotidiano,
como se nada fosse acontecer
Um vai e vem perpétuo
Um perambular clandestino
Os atores a venerar seu totem
Joões-bobo do destino
as bicicletas,
a vida toda em deboche
os homens à brincar
de mundo,
e o mundo à brincar
de fantoche
As ruas à traçar
as rotas
As rotas a traçar
as vidas
Os carros a pilotar
os homens
Os homens a pilotar
o tédio
A realidade à se acabar
nos cruzamentos,
nua e crua,
como só ela sabe ser
A esperança à se acabar
no infinito duro
do cotidiano,
como se nada fosse acontecer
Um vai e vem perpétuo
Um perambular clandestino
Os atores a venerar seu totem
Joões-bobo do destino
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Poética do dia Mudo
Não sei
se é a morte
que cala
Ou se é
a vida
que não deixa
falar
Realmente
não sei
se o despertar
é sonoro
se cada dia
é um novo reino
ou se o império
é o silêncio
Eu não faço idéia
se X não é Z,
se a segunda
não é terça,
se o galo não canta
porque está triste,
ou se está doente
Eu já não sei,
se é de noite,
ou se é de dia,
se é hora de dormir,
ou de vigiar
se tudo em volta
é carnaval,
se a festa é delírio,
se vivo,
no hospital
Eu já não posso
esperar,
pra saber,
se me perdi,
ou se me encontrei,
se calado eu canto,
se cantando,
ouço
Eu deveria saber,
se o que eu vivo
é o começo
ou se é o fim,
não pode ser o meio.
O começo é parco,
insinuante
o fim é grandioso,
exemplar
Começo e fim,
dois braços
de uma mesma
megalomania
Já o meio,
não pode
ser o meio,
nele tudo é tão,
diferente,
alheio
Mas tudo é tão,
igual
se é a morte
que cala
Ou se é
a vida
que não deixa
falar
Realmente
não sei
se o despertar
é sonoro
se cada dia
é um novo reino
ou se o império
é o silêncio
Eu não faço idéia
se X não é Z,
se a segunda
não é terça,
se o galo não canta
porque está triste,
ou se está doente
Eu já não sei,
se é de noite,
ou se é de dia,
se é hora de dormir,
ou de vigiar
se tudo em volta
é carnaval,
se a festa é delírio,
se vivo,
no hospital
Eu já não posso
esperar,
pra saber,
se me perdi,
ou se me encontrei,
se calado eu canto,
se cantando,
ouço
Eu deveria saber,
se o que eu vivo
é o começo
ou se é o fim,
não pode ser o meio.
O começo é parco,
insinuante
o fim é grandioso,
exemplar
Começo e fim,
dois braços
de uma mesma
megalomania
Já o meio,
não pode
ser o meio,
nele tudo é tão,
diferente,
alheio
Mas tudo é tão,
igual
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Teu último Sol
Teu último Sol
foi lindo
Pena,
que nada vistes
Carregar-te,
naquela rua estreita,
foi como bater um prego
no corpo
na alma
Pena que
os ultimos raios
do teu sol derradeiro
não foram capazes
de transpassar os tijolos
o concreto,
a matéria
E aquela rua,
a mesma dita,
que tu deceste
tantas vezes
a carpir o desgoto,
a dor,
o teu amor arrancado,
foi a mesma,
a única,
pela qual devolveram-te
No deslizar suave
das rodinhas
E se agora deixa lágrimas,
são de saudade,
de calma,
de tranquilidade,
são desafogo
da alma,
grito irreprimível
tua última centelha
tua vida que jaz no peito
do mundo,
de todos
Nada vai te substituir,
nada vai ser como era,
não adianta
isso nao precisa ser
tão poético
Dói! e pronto!
a dor não é poética
E nem sei
se sou poeta,
se a poesia de fato
existe
A poeta é tú
que sem saber escrever,
fez versos mais lindos
que eu nunca escreveria
Vai te agora,
ide em paz
sentimos sua falta
nunca será esquecida
Sempre te amarei Dozolina Toniollo Sereno!
foi lindo
Pena,
que nada vistes
Carregar-te,
naquela rua estreita,
foi como bater um prego
no corpo
na alma
Pena que
os ultimos raios
do teu sol derradeiro
não foram capazes
de transpassar os tijolos
o concreto,
a matéria
E aquela rua,
a mesma dita,
que tu deceste
tantas vezes
a carpir o desgoto,
a dor,
o teu amor arrancado,
foi a mesma,
a única,
pela qual devolveram-te
No deslizar suave
das rodinhas
E se agora deixa lágrimas,
são de saudade,
de calma,
de tranquilidade,
são desafogo
da alma,
grito irreprimível
tua última centelha
tua vida que jaz no peito
do mundo,
de todos
Nada vai te substituir,
nada vai ser como era,
não adianta
isso nao precisa ser
tão poético
Dói! e pronto!
a dor não é poética
E nem sei
se sou poeta,
se a poesia de fato
existe
A poeta é tú
que sem saber escrever,
fez versos mais lindos
que eu nunca escreveria
Vai te agora,
ide em paz
sentimos sua falta
nunca será esquecida
Sempre te amarei Dozolina Toniollo Sereno!
Luto
"Todos sabemos que cada dia que nasce é o primeiro para uns e será o último para outros e que, para a maioria, é so um dia mais".
José Saramago
José Saramago
domingo, 4 de setembro de 2011
Condenação
Logo no primeiro dia
do outono,
derrubou-se sobre a mesa,
o martelo,
o destino
Anunciou sem pressa,
a sentença irreversível
Seu crime: pensar
Sua pena: escrever
Escolheu a poesia
e mãos dadas com ela
amou e sofreu,
um perambular perpétuo,
entre o peso e a leveza
Trouxe consigo alguns poucos versos,
tortos, feitos a mão,
ora carregando-os,
ora sendo carregado
Viveu como se fosse uma ode,
a exaltar a existência egoísta
de seu próprio ser
Procurou exaustivamente
sua rima,
sem jamais a encontrar
E de súbito,
no desapego cotidiano,
se foi,
desaparecendo
gradualmente
com os timbres da voz,
que um dia
o pronunciara
do outono,
derrubou-se sobre a mesa,
o martelo,
o destino
Anunciou sem pressa,
a sentença irreversível
Seu crime: pensar
Sua pena: escrever
Escolheu a poesia
e mãos dadas com ela
amou e sofreu,
um perambular perpétuo,
entre o peso e a leveza
Trouxe consigo alguns poucos versos,
tortos, feitos a mão,
ora carregando-os,
ora sendo carregado
Viveu como se fosse uma ode,
a exaltar a existência egoísta
de seu próprio ser
Procurou exaustivamente
sua rima,
sem jamais a encontrar
E de súbito,
no desapego cotidiano,
se foi,
desaparecendo
gradualmente
com os timbres da voz,
que um dia
o pronunciara
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