domingo, 15 de abril de 2012

Tamborilo

Ah! As luzes!
Ah! O Som!
Ah! Perfeita
irretidão de nulidade
última

Imóvel carrasco interminável,
Mata sua sede canibal,
do meu pescoço
Vampiro dos dias indeléveis

Enxuga teu rosto, cospe
Minha barba farta
De meias vidas

Semeia o centeio
Alucinógeno
Infante dessa
velha solidão
aborígene

Penetra com enfado
as rachaduras do asfalto
trazendo em verso
perfeita quebra da métrica
no opúsculo oculto
de Stravinsky

Rouba-me do medo,
Do abismo neutro,
Que seja a morte,
mas não o anonimato,
os pés arrastados da luz
do fim de mim.

Ah! Quanta ironia!
Ah! Quanto desapego!
Quanta prosa,
Quanto silêncio,
Pior de tudo,
É dizer tudo,
contudo,
dizendo nada

Ah! Que maçada!

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